Os relegados da cidade e os trilhos da segregação
Palavras-chave:
Movimentos sociais urbanos, Remoções habitacionais, Copa do Mundo (Futebol)Sinopse
A expulsão de habitantes “indesejados” das áreas valorizadas é fenômeno recorrente nas grandes cidades, e as atuais dinâmicas de transformação urbana acentuam esses afastamentos, incrementando formas contemporâneas de segregação. As remoções habitacionais ganham maior dramaticidade em locais fraturados socialmente, sobretudo na periferia global. Assim, a violência exercida contra famílias pobres despiu uma outra face, nada eufórica, da realização da Copa do Mundo de 2014. Para dar lugar a diferentes obras urbanas, milhares de pessoas sofreram com despejos e deslocamentos residenciais – forçados e induzidos. O silenciamento dessas pessoas e as demais violações ilustram o desenrolar da produção da subalternidade na sociedade brasileira, por meio de seletiva distribuição dos bens públicos e dos direitos de cidadania, resultando na deterioração das condições de vida de ampla camada de indivíduos. Este livro trata especificamente das experiências de remoções nas “comunidades do trilho”, em Fortaleza, ocorridas ao longo da implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), obra inserida no pacote de intervenções urbanas relacionadas ao megaevento. A reconstrução histórico-sociológica desse processo é feita a partir da narrativa de pessoas diretamente atingidas pelas obras. Na análise, considera-se o grande negócio que se tornara a transformação de cidades, atravessada por dinâmicas de construção/destruição de paisagens, algo muito presente na capital do Ceará nas últimas décadas.
Capítulos
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Introdução
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As comunidades do trilho e a Copa das remoções
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Um país emergente e a Fortaleza dos eventos
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Da belle époque à Fortaleza Bela
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Nos trilhos da resistência
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Jardim sem cidade
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"Esperando, esperando..."
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Referências
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Referências
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