Sob a custódia do tempo : formação de leitores em penitenciárias do Distrito Federal

Autores

Robson Coelho Tinoco
Universidade de Brasília (UnB)
https://orcid.org/0000-0001-6695-9183
Maria Luzineide P. da Costa Ribeiro

Palavras-chave:

Presos - Incentivo à leitura, Penitenciárias - Distrito Federal - Brasil, Ressocialização

Sinopse

Este livro destaca a essencial prática de leitura e o contexto do detento que “lê" o espaço da prisão e suas relações com tal prática, além da estrita questão jurídico-penal do criminoso e crime cometido. Relação com um tempo - a partir do ócio em excesso, ou à disposição em exagero - bem diferente do tempo das pessoas livres - no geral, vivido como “quase ausência”, face às atividades e obrigações diárias. Assim se contextualiza a relação aflitiva tempo e prisão, ao longo desta obra, em tipo de inimigo cruel que deve ser vencido. Como marca dessa relação, a referência temporal da pena se reveste, portanto, de outra pena imposta ao preso, que, para enfrentar esse inimigo, busca engajamento em alguma ocupação que “mate” o tempo que ele tem disponível - em média, nas prisões brasileiras, 85% dos presos ficam somente duas horas fora de cela, passando o restante do dia dentro dela, imerso nela, absorvido por ela. Tal realidade é invencível, mesmo institucionalmente,
pois são muito poucas as atividades e projetos educacionais desenvolvidos, em espaços apropriados, com foco na realidade carcerária. Ainda, a carência de tais atividades e projetos, como "ler”, associada a condições superprecárias de encarceramento, compromete um objetivo de cumprir pena no Brasil, que é a ressocialização. Nesse contexto, resta ao preso aguardar seu tempo de pena ociosamente na cela ou no pátio, à mercê, por exemplo, da eficaz ação cooptadora de facções. Enfim, este livro não só propõe que presos "leiam”, como apresenta elementos para uma leitura produtiva e mesmo prazerosa.

Capítulos

  • Uma apresentação
  • Introdução
  • Capítulo 1: Prisão: A leitura de um velho mundo
  • Capítulo 2: Literatura e mundo da prisão: alegoria e representação
  • Capítulo 3: Cela de leitura: um novo olhar por entre as grades 125
  • Celas de leitura entre cadeados abertos: uma conclusão possível
  • Propostas de projetos de pesquisa e leitura – Portas abertas: remição pela leitura
  • Proposta de projeto apresentado para aplicação
  • Referências

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARAÚJO JÚNIOR, Marcondes de Sousa. O discurso da imprensa sobre o Complexo Penitenciário da Papuda, desde 1979 aos nossos tempos: como o Complexo Penintenciário da Papuda e seus detentos são mostrados para a sociedade brasiliense a partir da visão do Correio Braziliense. Monografias Brasil Escola. Disponível em: http://www.monografias.brasilescola.com.br. Acesso em: 25 out. 2011.

AZEVEDO, Ricardo. Livros didáticos e livros de literatura: chega de confusão!.Revista Presença pedagógica, Belo Horizonte, v. 25, n. 25, p. 87-88, jan./fev. 1999.

AZEVEDO, Solange. A ciência e os assassinos. São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.revistaepoca.com.br. Acesso em: 20 abr. 2012.

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2. ed. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BAMBERG, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. São Paulo: Ática, 1987.

BARRETO, Lima. O cemitério dos vivos. São Paulo: Planeta; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2004.

BARTHES, Roland. O prazer do texto. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002.

BASTIDE, Roger. Graciliano Ramos. Teresa – Revista de Literatura brasileira 2. São Paulo: 34, 2001.

BASTOS, Hermenegildo. Memórias do cárcere, Literatura e testemunho. Brasília: Editora UnB, 1998.

BAUMAN, Zigmunt. Modernidade líquida. Tradução de Dentzien Plínio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

BENTO, Conceição Aparecida. A prisão e a escrita: desagregação e agregação em Memórias do cárcere. Revista Brasileira de Literatura Comparada, n. 12, p. 217-236, 2008. Disponível em: http//www.abralinc.org/revista/2008/12.html. Acesso em: 25 out. 2011.

BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. Cap. 10: A escrita do testemunho em Memórias do cárcere.

BUENO, Luís. Antonio Candido – Leitor de Graciliano Ramos. Revista Letras, Curitiba: Editora UFPR, n. 74, p. 71-85, jan./abr. 2008.

BRASIL. Ministério da Educação - Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 2, de 19 de maio de 2010. Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais. Diário Oficial da União, 20 maio 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5142-rceb002-10&category_slug=maio-2010-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 20 set. 2011.

BRASIL. Lei nº 7.210, 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal (LEP). Diário Oficial da União, Brasília, 13 jul. 1984. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm. Acesso em: 20 set. 2011.

CANCELLI, Elizabeth. O mundo da violência: a polícia da Era Vargas. Brasília: Editora UnB, 1993.

CANCELLI, Elizabeth. Repressão e controle penal no Brasil: prisões comparadas. História: questões & debates. Curitiba: Editora UFPR, n. 42, p. 141-156, 2005.

CANDIDO, Antonio. Ficção e confissão: ensaios sobre Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: 34, 2000a.

CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 8. ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 2000b.

CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

CARPEAUX, Otto Maria. Visão de Graciliano Ramos. In: CARPEAUX, Otto Maria. Ensaios reunidos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999. p. 443-449.

CHIES, Luiz Antônio Bogo. A capitalização do tempo social na prisão: a remição no contexto das lutas de temporalização na pena privativa de liberdade. São Paulo: Método: IBBVVRIM, 2008.

COUTINHO, Carlos Nélson. Graciliano Ramos. In: COUTINHO, Carlos Nélson.. Literatura e humanismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967. p. 139-190.

DIEGUEZ, Sebastian. Emma Bovary e a realidade paralela. São Paulo, 2010. Disponível em: http://www.uol.com.br. Acesso em: 30 maio 2012.

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Recordações da casa dos mortos. Tradução de Nicolau S. Peticov. São Paulo: Martin Claret, 2008.

ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1984.

FAILLA, Zoara (Org.). Retratos da leitura no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial, 2012.

FONSECA, Rubem. O cobrador. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1979.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Nascimento da prisão 23. ed. Tradução de Raquel Ramalhete. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização, introdução e revisão técnica de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 2000.

FOUCAULT, Michel. História da loucura. Tradução de José Teixeira Coelho Netto. São Paulo: Perspectiva, 2010.

FOUCAULT, Michel. De outros espaços. Conferência proferida por Michel Foucault no Cercle d’Études Architecturales, em 14 de março de 1967. Disponível em: http//:www.ufrgs.br. Acesso em: 20 set. 2011.

GALEANO, Eduardo. A descoberta da América Latina (que ainda não houve). Porto Alegre: Editora UFRGS, 1990.

GIRON, Luís Antônio. Vozes da prisão: pena de sangue. Revista Cult, n. 59, p. 34-44, jul. 2006.

GLEDSON, John. O funcionário público como narrador: Amanuense Belmiro e Angústia. In: GLEDSON, John. Influências e impasses: Drummond e alguns contemporâneos. Trad. Frederico Dentello. São Paulo: Cia. das Letras, 2006, p. 201-232.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. Tradução de Dante Moreira Leite. São Paulo: Perspectiva, 1990.

GOIFMAN, Kiko. Valetes em slow motion – a morte do tempo na prisão: imagens e textos. Campinas, SP: Editora Unicamp,1988.

GORENDER, Jacob. Graciliano Ramos: lembranças tangenciais. Revista Estudos Avançados, São Paulo: IEA-USP, 1995.

ISER, Wofgang. A interação do texto com o leitor. In: LIMA, Luiz Costa (Org.). A literatura e o leitor. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2002.

JAUSS, Hans Robert. A estética da recepção: colocações gerais. In: LIMA, Luiz Costa (Org.). A literatura e o leitor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

JOHNSON, Elmer. As políticas penitenciárias nos Estados Unidos da América. In: Anais do seminário internacional: o sistema penitenciário brasileiro e o trabalho do preso / recuperando: dilemas, alternativas e perspectivas. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2002.

LIMA, Suzann Flávia Cordeiro. Arquitetura penitenciária: a evolução do espaço inimigo. Arquitetos, Ano 5, abr. 2005. Disponível em: http//: www.vituvius.com.br. Acesso em: 22 fev. 2012.

KAFKA, Franz. Na colônia penal. São Paulo: Brasiliense, 1986.

KAFKA, Franz. O processo. Tradução de Modesto Carone. São Paulo: Cia. das Letras, 2003.

KIFFER, Ana. Corpo, memória, cadeia: o que pode o corpo escrito?. Alea [online], v. 8, n. 2, p. 263-280, 2006. Disponível em: http//: www.scielo.br. Acesso em: 20 set. 2011.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Informe científico. In: Fundamentos de metodológica científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1993.

LEMGRUBER, Julita. Cemitério dos vivos: análise sociológica de uma prisão de mulheres. Rio de Janeiro: Achiamé, 1999.

LEMGRUBER, Julita. Arquitetura institucional do sistema único de segurança pública. Acordo de cooperação técnica: Ministério da justiça, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Serviço Social da Indústria e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Distrito Federal, 2004.

MANGUEL, Alberto. Uma história de Leitura. São Paulo: Cia das Letras, 1997.

MARTINS, Maria Helena. O que é a leitura. São Paulo: Brasiliense, 2005.

MIRANDA, Wander Melo. Corpos escritos: Graciliano Ramos e Silviano Santiago. São Paulo: Editora USP; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 3. ed. Tradução de Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

OLIVEIRA, Edmundo. Origem e história da evolução da prisão. Prática Jurídica, Ano I, n. 1, p. 58, 14 set. 2011.

OLIVEIRA, Maruza Bastos. Cárcere de mulheres. Rio de Janeiro: Diadorim,1997.

ONOFRE, Elenice Maria Cammarosano (Org.). Educação escolar entre as grades. São Carlos, SP: Editora UFSCar, 2007.

PEDROSO, Regina Célia. Utopias penitenciárias. Projetos Jurídicos E Realidade Carcerária no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, Ano 8, n. 333, 5 jun. 2004. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5300. Acesso em: 21 set. 2009.

PINTO, João Pereira. A liberdade em Graciliano Ramos: uma iniciação à antropologia e à ética. Contagem, MG: Santa Clara, 1998.

RAMOS, Graciliano. Os sapateiros da literatura. In: RAMOS, Graciliano. Linhas tortas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

RAMOS, Graciliano. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1980.

RAMOS, Graciliano. Os sapateiros da literatura. In: RAMOS, Graciliano . Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1980.

RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1993.

RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro, São Paulo: Record, 2003.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2006.

RAMOS, Graciliano. Angústia. Posfácio de Silviano Santiago. 62. ed. São Paulo: Record, 2007.

RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2008.

REIS, Zenir Campos. Memórias do cárcere: compreender, resistir. Folha de S.Paulo, 29 jul. 1984. Caderno Folhetim.

SANTA RITA, Rosângela Peixoto. Mães e crianças atrás das grades: em questão o princípio da dignidade da pessoa humana. Ministério da Justiça: Brasília, 2007.

SANTANA, Souza D’Almeida Wagner Bruno. Sobre o feminino. Psicanálise & Barroco – Revista de Psicanálise, v. 4, n. 1, p. 77-85, jun. 2006. Disponível em: http://psicanaliseebarroco.pro.br/revista. Acesso em: 22 maio 2012.

SELIGMANN-SILVA, Márcio (Org.). História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes. Campinas: Editora Unicamp, 2003.

SCHÖKEL, Luís Alonso. Bíblia do peregrino. São Paulo: Paulus, 1997.

SODRÉ, Nelson Werneck. Memórias do cárcere. In: RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. São Paulo: Record, 1993. p. 154-168.

SOUZA, Simone Brandão. A criminalidade feminina, São Paulo, 2005. Disponível em: http://www.observatóriodesegurança.org. Acesso em: 30 maio 2012.

TINOCO, Robson Coelho. Leitor real e teoria da recepção: travessias contemporâneas. São Paulo: Horizonte, 2010.

YAMAMOTO, Aline et al. (Org.). Cereja discute: educação em prisões. São Paulo: Alfasol; Cereja, 2009.

WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

WERNECK, Nelson. Prefácio. In: RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2008.

WILDE, Oscar. De profundis: balada do cárcere de Reading. São Paulo: Martin Claret, 2004.

Downloads

Publicado

mayo 6, 2020